As perturbações do neurodesenvolvimento são caracterizadas por défices de início precoce de diferentes gravidades no funcionamento pessoal, social, académico ou ocupacional, como definido na quinta edição do Manual de Estatísticas e Diagnósticos de Distúrbios Mentais. Défices do desenvolvimento nestes distúrbios podem variar de limitações muito específicas na aprendizagem ou no controlo de funções executivas para impedimentos globais nas capacidades sociais e na inteligência. Além das alterações dos movimentos oculares, uma larga variedade de problemas visuais forma associados a este tipo de crianças, promovendo a ideia de ser um fator etiológico. Especificamente, diferente tipos de alterações acomodativas, binoculares e oculomotoras foram reportadas na PND, tal como dislexia, distúrbio do défice de atenção/hiperatividade ou o distúrbio de coordenação do desenvolvimento.
Todas estas investigações apenas sugerem a probabilidade dos problemas visuais serem uma comorbilidade nestas condições, mas não se pode concluir que estas alterações são fatores causais. De facto, existe uma hipótese corrente que propõe que o conceito de vulnerabilidade da transmissão basilar pode ser usado para explicar um conjunto de problemas que são comuns a muitas PND, incluindo fraca sensibilidade ao movimento, a integração visual-motora espacial para o planeamento de ações, atenção e competências com números. Recentemente, conduzimos um estudo clínico para analisar, na população clínica de um centro especializado, a distribuição de alterações oculomotores e visuais definidas de acordo com testes clínicos standard em crianças com estes três tipos de PND, dislexia, distúrbio do défice de atenção/hiperatividade ou o distúrbio de coordenação do desenvolvimento, e comparando a distribuição com aqueles obtidos em crianças saudáveis sem patologia ocular, mas com e sem anomalias oculomotoras.
Artigo completo na Millioneyes 102