Descobrimos esta “sonoridade” angolana em moda enquanto descobríamos a MIDO 2024. E é verdade o que dizem sobre o apelo irresistível do continente africano. Demorámo-nos em português com a criadora da Wan Kiamy, Welwitschia Neto, uma sonhadora que ousou querer levar as suas origens para além das fronteiras de Angola. Lançou-se em 2013 e foi em 2016 que, através da presença no Angola Fashion Week e posteriormente no concurso de beleza Miss Angola, teve a sua apresentação oficial. A génese da marca está nos acessórios, sendo os chapéus a “bandeira” e os óculos um plus de luxo. Em Milão, Welwitschia conquistou os visitantes pela originalidade da nova coleção. Denominada Samakaka, a partir dos tecidos típicos africanos e assim chamados por causa do famoso guerreiro homónimo que ditou a criação desta ode às tradições regionais, os óculos exibiram designs ancestrais. Produzidos em Itália, os modelos têm um acetato transparente que “encerra” no seu âmago a seda africana, numa fusão entre tecnologia e tradição. A criadora admite o sucesso da presença pela primeira vez numa feira internacional da especialidade e projeta já novos rumos para o mundo, numa profusão cultural plena de glamour, elegância e tanto savoir-faire.
Conduza-nos pela história da Wan Kiamy, desde a fundação até aos dias de hoje.
A Wan Kiamy surgiu em 2013, mas só foi lançada oficialmente em 2016 (no Angola Fashion Week), tempo suficiente para traçar bem o percurso que queria seguir. Começou com acessórios, que na realidade são os produtos predominantes da marca (malas, sapatos, óculos, chapéus, entre outros). Arranquei ao mesmo tempo com coleções cápsulas de peças de roupa. Considerei-as sempre como acessórios dos meus acessórios (risos) para complementar o look. Fui ganhando o meu terreno aos poucos e depois iniciei a colaboração com alguns designers nacionais de renome ao criar chapéus para as suas coleções e assim ganhei traquejo. Depois decidi ter peças minhas num showroom em Lisboa e uma pop-up store durante algum tempo a ver no que dava e para também ouvir o feedback de quem comprava. Logo no primeiro mês, se não estou em erro, alguns chapéus que estavam no showroom foram escolhidos por um stylist que passou num programa de televisão e também numa novela portuguesa. Com a pandemia as coisas tomaram um rumo um pouco desconhecido, as coisas abrandaram bastante e deu tempo para recuar um pouco e traçar outras estratégias, para ver onde queria e quero chegar. Uma delas foi olhar além do que já me era confortável e navegar para mares desconhecidos, como a MIDO e ver no que iria dar. Hoje cá estamos a dar um passo de cada vez sem pressas, mas bem firmes.
É uma marca angolana para o mercado africano ou o grande objetivo desta casa de moda é crescer para além do continente de origem?
Nunca foi projetada para ser só para o mercado africano, o objetivo sempre foi expandir e crescer para além da sua origem.
Em que ponto sentiu que o mercado precisava desta original Wan Kiamy?
Se pensarmos no mercado angolano foi quando senti que era necessário ter uma marca de acessórios que tivesse diversidade, originalidade e acima de tudo qualidade sem precisar de viajar para fora do país para comprar. No caso do mercado internacional, são marés que estou a navegar a ver aonde me leva.
Entrevista completa na Millioneyes 131