Lançámos a palavra sustentabilidade a todos os quadrantes da indústria da ótica portuguesa e conseguimos ideias sociais e ambientais de proteção e preocupação, em linha com o que de melhor se faz sob este conceito. Achamos nós, que observamos a ótica como jornalistas há quase duas décadas, que a sustentabilidade social já está no terreno desde que se lançou a primeira pedra da ótica em Portugal. Ou seja, houve sempre a preocupação pelo outro.
Ao querermos saber em que ponto está a ótica na sustentabilidade, indagámos entre os nossos empresários de que forma convivem com a matéria. Das fábricas às lojas, ser sustentável é um conjunto de ações que envolve práticas mais amigas do ambiente, mas também está diretamente ligado ao bem estar das pessoas. A ideia transmitida pela CECOP passa com precisão uma situação que ainda está em pleno andamento e evolução “No setor ótico em Portugal, consideramos que existe uma consciência para esse tema e começam a existir algumas comunicações a focar a sustentabilidade das embalagens e em alguns produtos, mas ainda com pouca expressividade”.
Convém esclarecer o que se entende sobre sustentabilidade e uma das nossas óticas inquiridas “desenhou” na perfeição o significado. “Antes de mais, antes de começarmos a gritar aos quatro ventos que “somos sustentáveis”, convém que se perceba o conceito: etimologicamente, a palavra sustentável tem origem no latim e significa sustentar, apoiar e conservar”, deliberou Paula Pinho, o rosto do Adão Oculista. Outro dos dos óticos envolvidos no inquérito também nos inspirou com uma definição pungente e intensa.
Rui Motty, CEO do grupo Optocentro, partilhou que “os fundamentos do conceito são uma forma de adaptação moderna e sucinta de ensinamentos judaico-cristãos, assim como de outras civilizações, “ajudai uns aos outros”. Nada de novo. O mais importante é implementar. Desde sempre, procuramos adotar boas práticas e devolver à sociedade aquilo que dela recebemos. Projetos de responsabilidade social e partilha, transparência de procedimentos e reaproveitamento de recursos naturais. São a nossa consciência.”
Da Alcon sublinhou-se mesmo que “a sustentabilidade é uma questão importante para a nossa empresa, e na Alcon estamos a trabalhar para criar um futuro sustentável onde as vidas das pessoas e comunidades que servimos sejam melhores e mais brilhantes.” Há um acento no bem-estar humano na mente de quem trabalha a ótica e que foi incluído de forma clara no nosso inquérito sobre sustentabilidade.
Como reforça Helder Oliveira, diretor geral do Grupóptico, as pessoas são um ativo essencial para a saúde do negócio, “temos já em prática há bastante tempo uma estratégia de responsabilidade social que se baseia num fundo criado para apoio na satisfação das necessidades visuais e auditivas da população carenciada das localidades onde estamos estabelecidos,
Já tínhamos destacado a faceta solidária da Artefacto na Millioneyes, mas não só! Quando lhes lançamos o desafio de falar sobre sustentabilidade, Filipe Sousa, COO do grupo Artefacto Portugal, voltou a destacar que “na Artefacto entendemos o conceito de sustentabilidade como um conjunto de ações e atitudes e não como um tema isolado. Procuramos agir e garantir a correlação entre diferentes níveis de sustentabilidade naquilo que é a nossa ação empresarial. A saber: sustentabilidade ambiental, empresarial e económico-social. Assumimos como mais do que um dever, uma obrigação, cuidar para que consigamos preservar a qualidade de vida dos diversos ecossistemas na nossa normal atividade produtiva, com medidas que visam o não desperdício de recursos naturais cada vez mais escassos como água, madeira, e energia – neste caso concreto realizamos inclusive recentemente um investimento com vista à produção de energia renovável para autoconsumo. Promovemos ações de reciclagem de materiais, seja na nossa normal produção, seja igualmente no normal quotidiano de vivência empresarial dos nossos colaboradores. Não descuramos também uma atitude de responsabilidade social sempre presente na cultura da Artefacto, dedicando parte dos recursos gerados pela nossa normal atividade económica, ao reinvestimento em causas de ação social, fazendo-o assertivamente e ao longo de todo o ano.”
Os recursos usados na ótica, em todo o processo desde a produção à venda, são suscetíveis de marcar de forma dura o planeta e as marcas e os retalhistas têm estratégias em curso. “Além da nossa própria forma de gestão, em que já privilegiamos o que é local, diretamente para os nossos clientes, de uma forma mais explícita, trouxemos produtos nessa linha da nossa visita à Silmo´21”, detalhou Ana Carvalho, proprietária da Maxivisão.
Marco Pombo, COO dos Conselheiros da Visão reconhece que é necessário uma adaptação a um pensamento mais sustentável, “é um processo que requer alterações nos hábitos e materiais utilizados neste negócio, principalmente ao nível dos consumíveis.”
A montante da cadeia de valor, os custos para assumir um comportamento sustentável e responsável são consideráveis. Luís Feijó, CEO da Shamir Portugal, conduziu-nos por este fator. “São exemplo disso, o investimento em viaturas elétricas, a implementação de painéis solares em toda a unidade industrial ou o recurso a tecnologias de produção com o mínimo consumo de recursos. A Shamir tem adotado, ao longo dos anos, um modo de atuar consciente. A empresa tem como objetivo máximo agir eticamente, tentando poluir o mínimo possível. (…) Por exemplo, a atualização dos consumíveis e das matérias-primas para soluções mais amigas do ambiente (a substituição de plástico por papel e a opção de materiais reciclados), a reciclagem dos resíduos e reaproveitamento em novos processos produtivos, a reutilização de metanol reciclado ou a substituição de embalagens de plástico por alternativas amigas do ambiente (cortiça, papel reciclado, etc.), são algumas das práticas seguidas pela Shamir que, enquanto grupo internacional, tem sempre o propósito de reduzir, reutilizar e reciclar as matérias consumidas. Adicionalmente, contamos com duas ETARS para o tratamento dos afluentes com posterior aproveitamento das águas.”
A Prats também nos falou da sustentabilidade empresarial, na voz do diretor geral Filipe Pires, e no compromisso, seu e da sua equipa, em garantir a perenidade do negócio “a longo prazo sem nunca abdicar dos nossos valores. Uma das vertentes mais comuns da sustentabilidade é obviamente a responsabilidade ambiental. Aqui a Prats já há muitos anos que tem vindo a aplicar ações de melhoria, sobretudo no seu processo produtivo, para garantir a separação de todos os nossos resíduos, minimizar o consumo de água usando sistemas em circuito fechado com filtragem e tratamento dos vários líquidos de corte usados na produção das lentes ou ainda evitar a poluição das águas residuais tanto com químicos como com microplásticos. Com a construção da nossa nova fábrica em 2019 em Carnaxide, demos mais uns passos no caminho da redução da nossa pegada de carbono. Efetivamente a redução do consumo energético foi uma das principais vertentes do projecto do edifício e foi conseguida com soluções tão variadas como o desenvolvimento de uma fachada de ensombramento para diminuir os custos de climatização dos nossos escritórios ou do reaproveitamento de energia térmica de vários equipamentos através de um circuito fechado de água quente permitindo- -nos aquecer tanto os espaços como alguns equipamentos a custo zero.”