Tivemos que tirar os sapatos e meter os pés na areia para ir ao encontro deste optometrista/surfista de origem bracarense, mas de coração em Esmoriz. Pedro Sepúlveda tem ideias firmes e conquistou-nos pela paixão que tem pela prática da optometria e como isso o levou a obter uma base de clientes fiel. Claro que, não resistimos ao atleta que conquista o Atlântico em cima de uma prancha quando o mar está favorável. “Calma”, é a máxima. Portanto é fácil perceber o Pedro fora da ótica. Dá aulas por carolice na Barrinha Surf School, em Esmoriz, faz viagens de um país inteiro de bicicleta com a Alexandra, sua companheira da vida e dos negócios, e o sogro e acima de tudo: “quando estou em cima das ondas sei que sou residual, sou vazio. A natureza tem um poder fantástico. Quando estou na água sou pequeno e agradeço aquilo que me está acontecer, o respirar, o mergulhar e ver preto e depois vir cá cima. Agradeço constantemente esta prenda que o mar me dá.” Obrigado a ti, Pedro, por nos inspirares!
De que forma estabeleceu a relação com a optometria?
Eu já tinha um objetivo definido quando me licenciei em Optometria pela Universidade do Minho. Entendi através de amigos meus que a imagem da optometria não era muito positiva e percebi que a regulamentação não estava a sair. Decidi que queria valorizá-la!
E eu sou ambicioso e isso sim herdei da minha família a nível em- presarial, porque de resto, todo o negócio nasceu comigo e com a Alexandra. Depois da licenciatura, trabalhei no Cartaxo, onde exercia em cinco óticas sob marcação e isso deu-me a certeza que esse sistema funcionava bem. imaginei logo ali que quando tivesse a minha ótica seria assim…é que eu sou de Braga mas o trabalho es- tava todo “lá em baixo”, ou pelo menos os vencimentos eram mais interessantes. Claro que, queria voltar para o norte porque o estilo de vida em Lisboa não era para mim. Passei com a Alexandra um ano inteiro, a pegar no carro ao fim de semana e a vasculhar o país de uma ponta à outra em busca de uma localização para abrir uma loja, sem interferir com outros colegas.
Trabalham imenso.
Sim e de facto há uns anos atrás, levados pela ambição e porque o pai da Alexandra esteve 50 anos em África, pensámos em internacionalizar a empresa, na época da crise em 2010/2011. Foi nesse momento, aliás, que abrimos a loja da Maia. Fiz três visitas ao continente africano e na última apanhei malária. Fiquei internado no hospital Santos Silva e mais de um mês de coma. Não davam nada por mim nessa fase e eu tinha acabado de comprar a casa na praia e pensava que finalmente ia “arrumar” a empresa e contratar equipa…Houve um médico que tomou a decisão de me dar um cocktail de antibióticos e foi o que me fez acordar. Perdi 18 quilos e tive que recomeçar a minha vida em coisas tão básicas como caminhar ou escrever. A minha filha só tinha três anos. Isto fez-me repensar a tal ambição. Trabalhava 50/60 horas por semana e por isso hoje sou quem sou e respeito esta minha rotina. Há sempre uma razão! Comecei a dizer “basta”! A doença mudou-nos a mim e à Alexandra. Por isso até brinco quando me perguntam à segunda o que vou fazer na quarta. Respondo “deixa-me ver as condições marítimas” (risos). E a verdade é que tudo rola na mesma! Digo sempre, “calma, tenho o meu ritmo e já “não vou a todas””.