O dilema das marcas e a sustentabilidade

A ideia de colocar a natureza como CEO nas empresas apresenta-se como uma das tendências chave para os próximos anos, apurada pela analista de mercados WGSN. Porém, é um conceito que marca um novo capítulo entre o dilema das marcas relativo à sustentabilidade: como podem prosperar perante o aumento do custo de vida dos consumidores que, apesar de privilegiarem escolhas mais sustentáveis, têm pouco poder de compra? As grandes companhias, nomeadamente de moda com capacidade de investimento, empreendem iniciativas ao nível da diminuição da pegada de carbono e de adoção de estratégias tecnológicas para rumarem a um futuro mais verde. São passos que pequenas empresas não têm capacidade para dar, mas, como bem sublinha a Associação de Apoio à Sustentabilidade das Ópticas, pequenos passos conscientes podem fazer toda a diferença. A WGSN decidiu estudar a fundo esta problemática levantada no mundo empresarial, enquanto algumas marcas lutam para se manterem competitivas e, ainda assim, têm que acrescer a sua comunicação com demonstrações em prol da natureza.

Num estudo publicado pela IBM em 2022, revelou-se que a sustentabilidade tem valor crescente entre os consumidores. Aliás, 51 por cento dos entrevistados afirmaram que esta tendência tem mais valor hoje do que há um ano. E o que aflige os responsáveis das marcas em relação à sustentabilidade vai além deste anseio dos compradores. Admitem compreender a necessidade de atuar para a garantia de um futuro melhor, bem como a respetiva responsabilidade em relação a isso. Da mesma forma, há o fator de impacto para o próprio crescimento, já que o consumo excessivo e a exploração de matérias-primas também provoca escassez de recursos e de apoio institucional no mundo todo. E mesmo com todas estas informações em “cima da mesa” e da discussão ter sido constante nos últimos anos, subsiste ainda a dúvida do valor do investimento em práticas mais sustentáveis, pois no retalho a recompensa não é imediata por parte dos consumidores.

De acordo com o o relatório Sustainable Market Share Index 2021, a disponibilidade de produtos com etiquetas sustentáveis cresceu 2,7 por cento mais rápido do que a dos produtos convencionais entre os anos de 2015 a 2021. Vale a pena assinalar que quatro em cada cinco consumidores afirmaram que pagariam mais por produtos sustentáveis, segundo a consultora multinacional, PwC em 2023. Apesar disso, a realidade da crise económica faz com que na hora da compra isso não se concretize. Historicamente, a sustentabilidade costuma ser menos valorizada em tempos de crise, uma vez que o número de consumidores abaixo da “linha verde” aumenta. Normalmente designada como green line, esta delimitação representa a condição financeira que as pessoas sentem que precisam de ter para viver de forma verdadeiramente sustentável. Porém e entretanto, pensar em sustentabilidade passou de um luxo e já entrou no campo da necessidade.

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