No ambiente inquieto da noite portuense, o consagrado artista urbano MrDheo abriu portas a uma nova fase da sua carreira. Os sprays e os traços que o tornaram famoso em todo o mundo têm agora porto seguro na sua marca própria de streetwear e eyewear. No coração da zona in da Invicta e reacendendo a “chama” dos Armazéns Castelo, na noite de 3 de maio, camisolas e acessórios apelaram à imprensa, amigos, apaixonados de arte urbana e curiosos. Em destaque, claro, os desenhos de todo o mundo, que MrDheo trouxe da rua para os óculos, com o apoio fulcral do experiente homem da ótica, Hugo oliveira.
No centro da festa, um maravilhoso e intrincado mural feito em apenas uma hora pelo artista do Porto serviu de base a risos sinceros, à descoberta dos novos produtos e evidenciou a mestria de MrDheo. Os Armazéns do Castelo, aliás, “vestiram-se” à imagem desta marca nascida há 19 anos na rua de forma ilegal e que tomou proporções mundiais. Em ambiente descontraído, o MrDheo em pessoa recebeu os convidados, lado a lado com Hugo Oliveira.
Em conversa exclusiva com a LookVision Portugal, o artista urbano rejeitou a ideia de que está a prender o seu talento num objeto. Pelo contrário! “Eu continuo a escolher a liberdade. Lutei sempre nestes 20, desde que comecei a pintar, para ser livre. E dou um exemplo muito prático: podia ir para o mercado tradicional das galerias de arte e dos museus e não vou, precisamente, porque obrigam quase a seguir uma determinada linha, que é a que vende. A rua dá-nos liberdade e eu continua a ser um artista urbano, vou sempre ser. Faço grafitti pela liberdade. A criação da marca é um sonho antigo. Encaro-a como uma extensão do meu trabalho. Ou seja, o meu trabalho e o meu foco será sempre o trabalho de rua mas se eu puder ramifica-lo para outras coisas que eu acho que se adequam e que têm lógica na minha filosofia e na forma como eu vejo tanto o mundo da arte como tudo o que me rodeia em geral, faz sentido. Posso seguir o cliché de dizer que o quer quero é deixar uma marca, porque tudo o que faço na rua é efémero, e esta é uma forma de eu tornar o meu trabalho mais palpável e que se pode guardar.”
( Leia o artigo na íntegra na edição 78)