A dupla de óticos, Ana Carvalho e Vítor Martins, eternizaram as suas aventuras e missões humanitárias em imagens plenas de vida. Numa exposição cheia de emoções, os líderes da Maxivisão de Vila Nova de Poiares partilharam a faceta mais solidária das suas viagens. Em quatro momentos distintos distribuíram um total de 90 óculos graduados a quem, de outra forma, nunca poderia adquiri-los. São Tomé e Príncipe, Peru, Cabo Verde e Macedónia do Norte são os locais que se podem ver nas fotografias que entre 6 e 27 de janeiro dão cor à Casa da Mutualidade d’A Previdência Portuguesa, em Coimbra. A inauguração aconteceu a 6 de janeiro e juntou amigos, seguidores e comunicação social com o objetivo de levar longe a mensagem de amor de Ana e Vítor. “A nossa missão é tentar que mais pessoas nos ajudem a ajudar.”
Voltemos a recordar o que vos fez enveredar por este “caminho humanitário”.
A nossa viagem à India marcou definitivamente a ideia de que poderíamos fazer mais do que ir em viagem. Isto não só pelo que vimos, mas porque percebemos que, mesmo assim, aquelas pessoas com quem nos cruzámos eram felizes à sua maneira. Só nos faltavam os meios financeiros para nos lançarmos.
As viagens foram o ponto de partida.
Sim, foi através das viagens que começámos a perceber verdadeiramente o mundo em que vivemos. Estar no interior do Brasil, ir para Hawai numa altura em que não havia internet sem disponível, fazendo mais de 14 mil quilómetros para lá chegar, percorrer parte do Egito num autocarro sem luzes, fazer a Tailândia de autocarro, andar mais de mil quilómetros de jipe em Marrocos, ir de jipe de sul a norte da Jordânia, percorrer Israel à boleia de uma portuguesa, fazer a Malásia de autocarro, alugar um carro com motorista e fazer mil e quinhentos quilómetros na Índia naquele caos, ir de Lisboa até Sydney numa autêntica aventura, andar de mota em Cozumel, Mykonos, Cabo Verde, São Tomé, ir à África do Sul, estar com a comunidade portuguesa em Newark, conduzir mais de mil e quinhentos quilómetros entre a Albania e o Kosovo, ou entre a Croácia e a Bósnia, fazer os países do Báltico de autocarro, estar em Istambul e absorver toda aquela mística, e muitas mais experiências, fizeram-nos perceber que poderíamos fazer mais.
Até mesmo quando decidiram investir na vossa marca própria, fizeram-no com uma mensagem de inclusão. É-vos natural a solidariedade? Nada acontece por acaso. Temos familiares diretos com um atraso cognitivo, e foi com eles que brincámos e convivemos muitas vezes em criança. Essa sensibilidade vem de berço e a partir daí, tal como nas viagens, quando se vê determinadas realidades com os próprios olhos, adquire-se mais emotividade sobre o que nos rodeia. A nossa marca é o nosso orgulho! Sinceramente, não pela beleza das armações, porque na realidade a qualidade das lentes é bem mais importante que a moda e todos os óticos deveriam ter esse pensamento, mas sim pelo prazer que tivemos em receber o Paulo Azevedo, um vencedor, ou em receber o desfile dos utentes da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, que foi um autêntico sucesso. Na nossa inauguração da exposição fotográfica também não nos esquecemos de ser inclusivos, tivemos uma intérprete de língua gestual portuguesa a traduzir os nossos discursos de abertura e a sala era acessível a cadeira de rodas.
Entrevista completa na Millioneyes 118