Nunca esquecemos a famosa inauguração da futurista Óptica David, em São João da Madeira no ano de 2005. Uma sinfonia de luz, curvas harmoniosas e matérias primorosas enquadraram os óculos de forma especial. Foi precisamente no ano em que nos iniciámos na ótica, ainda noutra empresa, e este momento marcou a nossa definição de perfeição no retalho. Os rostos deste ritmo magistral foram e são Maria das Dores Silva e António Válega. Os empreendedores dedicaram-se a edificar um negócio único na sua cidade natal, indo contra os preconceitos de que algo tão sofisticado não singraria numa localidade pequena. Singrou e hoje tem a mesma juventude da fundação ao contar com a segunda geração astuciosa e plena de talento destes dois companheiros de negócios e de vida. As filhas Sara e Joana Almeida têm uma abordagem baseada na arte, na proximidade e, acima de tudo, inspiradas pela liderança legada.
Faça-nos uma “visita guiada por estas quatro décadas”, desde o momento que sonharam a Óptica David, passando pela abertura em 1984 naquele primeiro espaço.
António Válega: Iniciámos em 1984 com a abertura da primeira ótica num espaço pequeno que, com o passar dos anos, tivemos a necessidade de expandir. Passamos de uma loja com 25 metros quadrados num centro comercial para uma loja de rua com 170 metros quadrados e, aí sim, existia um gabinete para consultas de optometria e contactologia muito bem equipado, uma oficina grande, uma sala para colorações das lentes, e até um lago com a fonte e peixes na sala de espera. Um projeto já bastante arrojado para aquele tempo.
Já agora e a título de curiosidade, porquê Óptica David?
Maria Silva: O meu pai trabalhava no Adão Oculista, em São João da Madeira, era um ótimo relações públicas e dizia que gostava de ter uma ótica mas não tinha coragem de abrir em São João da Madeira, pelo respeito que tinha pelo senhor Adão. No entanto, ele faleceu muito cedo, em 1982, e em homenagem ao meu pai que se chamava David Silva, em 1984 abri a primeira loja com o nome Óptica David.
Porque se instalaram em São João da Madeira e não numa grande cidade?
MV: São João da Madeira é a cidade onde nascemos e sempre vivemos, era o nosso “metro quadrado”, onde tínhamos a família e as pessoas amigas. Só existiam duas lojas e nós queríamos trazer o progresso em ótica para a cidade e acreditávamos que era este o caminho. Foi o nosso primeiro negócio e, portanto, queríamos estar perto das pessoas que nos são chegadas, onde nos sentíamos mais seguros. Com o passar dos anos e com o crescimento da Óptica David, já fomos convidados para irmos para uma grande cidade, chegamos inclusive até a considerar Lisboa, mas acabámos por optar por manter as raízes. Existe um espaço no Porto, onde está a Sara, a nossa filha mais velha, com a Clérigos In, mas com um conceito completamente diferente e alternativo à ótica tradicional.
Entrevista completa na Millioneyes 135