Luís Moreira: W x W é a vitória da criatividade lusa

O mercado da ótica nacional viu as suas fábricas de óculos desaparecerem à mercê do advento do fabrico barato, de qualidade menor e do pouco respeito pelos direitos humanos, em países em desenvolvimento. Ditou-se quase o fim de uma era. No entanto, um reduto de produção cuidada, única e de assinatura artesanal prevaleceu em Gondomar, pelas mãos calejadas de José Maria Rodrigues e da sua equipa, na Sociel. Foi aqui que tantos criat ivos portugueses encontraram o selo Made in Portugal e de onde se espelhou uma onda de orgulho luso que motivou seguidores muito especiais. E assim chegamos a um jovem engenheiro/criativo que tem no coração o sentido dos óculos e na mente o plano para reavivar uma produção que já vai tendo novas expressões.

Luís Moreira nasceu entre óculos, numa família vencedora do nosso mercado, e representa uma segunda geração que leva a ótica mais longe, ao seu âmago, à essência de tudo. Com apenas 25 anos fez nascer uma muito “madura” WxW, que representa Winner against Winner, porque vence mais uma etapa do renascimento dos óculos portugueses e se dirige aos amantes de um eyewear que tem uma mensagem de amor e resiliência. Os desenhos são “deliciosos”, a história encantadora, a comunicação magnética e o futuro expectante e auspicioso! As palavras ao fundador de mais um episódio do nosso dinâmico mercado.

Pode dizer-se que esta Winner against Winner, ou WxW, é produto da convivência com o negócio familiar?

Ao ter crescido familiarizado com o mercado da ótica e ter aprendido bastante sobre saúde ocular com os meus pais, apercebi-me que o mercado artesanal é subvalorizado. Existem empresas que durante décadas se dedicam ao aperfeiçoamento de uma arte, mas que competem com a sobrevalorização da marca em relação à qualidade. Ao estudar Engenharia e Gestão Industrial na Universidade do Minho, aprendi vários conceitos que, aplicados nessas empresas, podem modernizar as operações, mantendo o facto de serem feitos à mão.

Conduza-nos pelos meandros da fundação da WxW e de quem está envolvido.

No estágio que realizei durante seis meses no fim do mestrado pude aprender com uma empresa portuguesa que há alguns anos aposta também na modernização dos métodos artesanais, a Okiatto by Shamir, a quem quero deixar o meu agradecimento por me terem aceitado. Ao ter estudado três cadeiras universitárias sobre modelação 3D, pude começar a desenhar os meus próprios óculos e produzir nas duas empresas em Portugal que o fazem, Okiatto e Sociel. Há cerca de um ano estive uma temporada na fábrica da Morel, uma das maiores marcas independentes de França, onde pude aprender bastante em relação ao design e prototipagem de armações, bem como observar a gestão de uma empresa multinacional neste ramo. Um obrigado ao Elísio Marques, CEO da DMDI e aos irmãos Morel pela oportunidade.

 

Entrevista  completa na Millioneyes 135