Giuseppe La Boria: A vontade de ser livre

O CEO da novíssima marca Danshari partilhou com a Millioneyes um sonho de uma vida. Giuseppe La Boria tem um daqueles percursos de luxo no setor da ótica, com mais de 30 anos ao serviço do crescimento de marcas famosas desde a Luxottica, passando pela Safilo e a Allison até à fraturante Alain Mikli. Tornou-se também ele famoso e recordou com orgulho alguns dos momentos que o colocaram na ribalta. No entanto, o ritmo apressado das grandes multinacionais definiu em si uma nova vontade: regressar ao prazer dos óculos. A Danshari nasce com calma, com amor, ligada ao sentido mais simples da vida e com o superior know-how de quem percebe de vendas eyewear. “Voltar às raízes do único desejo autêntico: a necessidade de beleza e essencialidade” define a insígnia que se inspira no movimento homónimo nascido no Japão, focado na eliminação do que é supérfluo na nossa vida. Durante esta conversa de redescoberta e esperança, juntou-se também a nós o rosto português da Danshari. Um famoso António Barros, também ele afastado há anos do corrupio do “novo mundo da ótica” contribuiu com a sua vasta experiência e uma filosofia de trabalho assente nos valores e na fidelidade.

Fale-nos desta Danshari e dos valores que motivam o seu nascimento.

Devemos rodear-nos de objetos bonitos. Danshari promove isso mesmo. É a consciência de viver com o que se precisa, abandonar hábitos compulsivos e desapegar-nos de coisas que não fazem sentido na vida. Composta por três kanjis, Dan (recusa) Sha (eliminação) e Ri (separação), significa utilizar estritamente o necessário e deitar fora todo o excesso. Descobri a palavra através de uma capa de um livro que um homem estava a ler num restaurante e estudei-a. Partindo desta ideia decidi criar esta marca e tive muita sorte, porque a consegui registar em quase todo o mundo, exceto no Japão, onde já existia noutro âmbito. Amei esta filosofia e decidi espelhá-la em óculos. A questão que se impunha na altura era, como devia ser esta marca? Tinha a ideia, mas urgia criar tudo em torno do conceito. O cerne do projeto é simples e passa por criar algo muito elegante, muito minimal, clássico, sem formatos estranhos ou um design fora do comum, vendável, mas com muita qualidade. Aliás a sua “vendabilidade” é um dos nossos argumentos.

E sobre Giuseppe La Boria antes da Danshari?

São mais de 30 anos no terreno! Lembro-me de começar com a marca Napoleoni, em Itália, enquanto representante, para depois me tornar diretor comercial da United Optical, a companhia célebre na altura pela Benetton, quando a multinacional se lançou no eyewear. Posteriormente, estive na Safilo onde lancei a Diesel em todo o mundo. Era o líder da marca e também ali me tornei diretor comercial para o país. Nos anos 2000, Leonardo del Vecchio, o líder da Luxottica, telefonou-me e ofereceu-me a possibilidade de ser o diretor comercial global da empresa. Foi um desafio que desempenhei até 2009. Ainda passei pela Allison durante dois anos, depois mais dois anos na Alain Mikli, onde me senti muito realizado a trabalhar diretamente com o génio parisiense do design. Finalmente, parei e passei a fazer consultoria, mas só para não estar totalmente parado, porque perdi a minha paixão pelo trabalho que fazia. Agora, ganhei motivação neste projeto, pelo qual me apaixonei, e me deu ânimo para recomeçar. Danshari é um sonho concretizado.

António Barros fale-nos, então, do trabalho em território nacional com a Danshari. Os óticos receberam bem a marca?

Os óticos recebem bem o António! (risos) Também o conceito, atenção. Em 2016, decidi abandonar a Luxottica por opção pessoal, exclusivamente por cansaço e não tanto de acordo com a política praticada a partir de Espanha. Claro que, sou amigo do Giuseppe e agradecido pela oportunidade que me deu na Luxottica, com o convite para a direção comercial e, posteriormente, para country manager. Depois de sair da multinacional, é verdade que o Giuseppe me contactou para um ou outro projeto, mas não me sentia cómodo em trabalhar para um empresa que concorresse diretamente com a Luxottica. Quando o Giuseppe me apresentou o seu empreendimento pessoal, a minha forma de o analisar, pela amizade e respeito que lhe tenho, mudou um pouco a minha lógica de abordagem e, portanto, assumo- -o com total disponibilidade e por ele, por um lado. Por outro lado, porque a filosofia, a marca, o conceito Danshari me parece muito interessante.