O crescimento do Lab Academy e até mesmo o recurso de empresas a esta área da MIDO e que já expuseram no espaço geral da feira significa que este é o caminho futuro da feira?
É um formato mais fácil. As empresas podem simplesmente vir com as suas amostras e os rostos dos seus líderes. As relações com os visitantes são simples. Mesmo assim não creio que seja o futuro. Penso que é um segmento bonito e interessante, mas mais dedicado às empresas que não sendo propriamente start-ups têm uma rede de trabalho mais limitada ou exclusiva. Definitivamente, quando se tem uma rede maior não se consegue trabalhar naqueles moldes. É o ambiente perfeito para companhias de nicho porque tudo está pronto e é uma boa oportunidade. De facto tem razão, houve mais empresas naquela área porque muitas delas voltaram à feira depois de três/quatro anos e não conseguiam investir tanto como antes. Assim analisaram como se comporta o mercado e a reação à própria MIDO, de maneira a lançar boas raízes para o futuro. Pode dizer-se que foi um risco limitado.
As expectativas da feira de 2023, foram alcançadas?
Em 2022 fechámos, em definitivo, a consolidação de três anos de dificuldades. Foi um regresso e foi bom, porque encerrou o episódio da pandemia. Também tínhamos que retomar a feira, caso contrário o período de ausência seria demasiado longo. No fim revelou-se vantajoso em termos de negócio e reencontros pessoais, mesmo acontecendo já tarde na temporada. Abrimos uma nova vida às feiras e isso tornou-se claro para todos os envolvidos. Hoje temos outros problemas no mundo, nomeadamente a tragédia que assolou a Turquia e a Síria recentemente. Mesmo assim, 2023 foi basicamente o regresso ao bom ritmo, ao rock’n’roll das edições anteriores.
Que futuro esperar para este tipo de certames, considerando que há sempre mais marcas independentes?
Acredito que a MIDO 2023 foi, por si só, uma resposta a todas as incertezas em torno das perguntas que se levantaram nos anos de confinamento. E não era tanto qual seria o futuro, mas se haveria futuro para as feiras. Ficou claro que, durante estes últimos anos todos trabalharam, e bem, com os meios digitais, tanto as empresas como as feiras. Existem muitos meios para comunicarmos com toda a rede, mas provámos também que apesar de vantajosos com uma rede já consolidada, quando se trata de conhecer novos clientes, novos fornecedores, apresentar novos projetos, ter uma audiência maior é essencial. Obviamente que a feira ainda é o melhor meio. Não há mais nenhum evento tão apelativo e que reúna acima das 30 mil pessoas que, potencialmente, durante três dias possa tocar, sentir os novos produtos, projetos ou ideias. Podemos afirmar que a MIDO é o maior acelerador de novos contactos e isto é do que se trata a feira. Nós tentamos, como feira, fazer crescer as atividades através de contactos digitais, mas não é possível. O encontro físico é necessário neste âmbito e a feira é absolutamente fulcral. E olhando depois, como parte da Associação Italiana para as nossas empresas que exportam 90 por cento dos seus produtos, a MIDO é o melhor meio para internacionalizar o processo. Como se pode conhecer tantas pessoas de 130 países? Em termos de empresas independentes há, de facto, muita efervescência, e justifica- -se porque o mercado precisa de maior transparência, de boas histórias e saber o que está por trás das cenas, de processos verdadeiramente sustentáveis. Se houver um background claro, com uma visão verdadeira o sucesso é certo. Quem não estiver nesta situação e tiver um contexto mais duvidoso, provavelmente terá uma existência curta.
Entrevista completa na Millioneyes 120.