Daniela Guerreiro e 36 anos de Oculista Carioca

O Oculista Carioca constrói-se há 36 anos sobre pessoas especiais. Começou com o investimento pessoal de Vítor Guerreiro, um verdadeiro mestre na arte que se opera nas oficinas de ótica, e da sua companheira da vida, Ana Carioca. Tiveram a sorte de ter Daniela Guerreiro a prosseguir este “grito” de independência. E foi atrás da perspetiva de uma jovem ótica que seguimos, quando tirámos Daniela do seu dia a dia para uma conversa sobre o mercado, a vida e o futuro. Acima de tudo, quisemos explorar uma passagem de gerações harmoniosa e acabámos rendidos à personalidade de uma empreendedora que tem o dom de conquistar pessoas.

A história do Oculista Carioca começou com a assinatura inquieta de Vítor Guerreiro há 36 anos. Em que ponto é que este ótico sentiu necessidade de criar um espaço em nome próprio e porquê?

O meu pai trabalhava na Farmácia Cordeiro que também tinha serviço de ótica. Começou com 11 anos! Fazia parte da casa. Com a reforma do responsável do segmento dos óculos, foi desafiado a aprender, embora já estivesse envolvido com a área. Depois surgiu-lhe a hipótese de abrir uma loja no Mucifal, já em nome próprio, mas o meu pai ganhava melhor que a minha mãe e, para garantirem a economia da família, foi a minha mãe que teve que assumir o desafio sem entender nada de ótica. Fez um curso intensivo com oculistas experientes em Lisboa que ajudaram. Com apenas três meses de “escola” abriu a loja do Mucifal, a primeira da família. E correu bem! O meu pai durante o dia trabalhava na farmácia e começou a acumular trabalho de oficina de lojas do Cascais Shopping, na altura a De Conto e a Euro Óptica. Trabalhava até de madrugada na oficina própria que construiu na garagem. Conseguiu assim juntar dinheiro. Foi um sócio da De Conto que o desafiou a abrir uma loja na Terrugem. Nessa altura, já tinha menos riscos financeiros, atreveu-se e assim nasceu o Oculista Carioca.

Em que ponto surge a Daniela na empresa. O seu pai “puxou-a” para os óculos?

Foi caricato, porque não tinha nenhuma ligação à ótica. Formei-me em Engenharia Biológica, mas detestava (risos). Ainda consegui um trabalho numa farmacêutica e ganhava muito bem. Estava lançada, mas gosto demasiado de pessoas para ser feliz ali. Nem sei onde estava com a cabeça para seguir aquele curso (risos). Ainda por cima estava na parte de investigação e, portanto, tinha um percurso muito solitário. Estive inclusive uns tempos na Gulbenkian. Acho que as minhas motivações prenderam-se precisamente com a vontade de fazer a diferença na vida das pessoas, porém, na Engenharia Biológicas, são pequenas conquistas inseridas em projetos enormes que não se vêem. Durante algum tempo trabalhava na farmacêutica, ajudava o meu pai na ótica e depois ainda dava explicações. A ansiedade que acumulava ao fim de semana com a perspetiva de segunda voltar aquela rotina levou-me a propor ao meu pai trabalhar na ótica. O meu pai ficou desiludido. Disse-me logo que só tinha lugar em part-time. E eu aceitei! Depois investi na formação em optometria, que fiz à noite durante dois anos. Foi ele que me propôs finalmente ficar todo o dia no Oculista Carioca (risos). Adorei e adoro a experiência.

Entrevista de capa da Millioneyes 131