Bruno Milheiro: “Gosto de viver!”

Como é que uma empresa com 65 anos mantém a sua juventude? No caso da Óptica Milheiro o segredo está em Bruno Milheiro. É representativo de uma terceira geração que cresceu entre avô, pai e, claro, os óculos. Precisávamos de saber como se mantém a “alegria da ótica” depois de tantos anos e tantas alterações ao setor. Fácil! Bruno é um amante da vida. Gosta da sua vida profissional, diversifica-a entre várias áreas para crescer enquanto gestor; gosta de ajudar, porque sente o chamamento perante alguém em dificuldades, mas sem pretensões, só coração; gosta da vida, com desafios e alegrias, sem esmorecer. O cliché “o que não nos mata torna-nos mais fortes” tem-no presente quando há obstáculos, porque para este ótico, “não custa viver, custa é saber viver!” E falou-nos de forma descomplicada sobre a forma como tem gerido um negócio com mais de meio século, baseado nas aprendizagens que persegue e na experiência de 25 anos de ótica. Claro que, o seu antecessor, José Milheiro, ainda anda por perto, mas com a plena consciência que lançou a empresa para o melhor gestor.

É uma história de ótica muito bem enraizada com todos os altos e baixos de um setor vivo e dinâmico. Como é agarrar um projeto com tantos anos?

No fundo, tem que se ser fiel aos princípios preestabelecidos. Eu cresci com o meu pai e com o meu avô e apreendi o que me ensinaram sobre o negócio, nomeadamente ao nível dos valores. Paralelamente, tive que me ir adaptando ao mercado, o que é essencial. A ótica está sempre em evolução e nos últimos anos cada vez mais, tanto tecnologicamente como ao nível do consumidor. Os clientes entram nas lojas muito bem informados e sabem quase tanto como os profissionais. Tivemos mesmo que adaptar o atendimento, através de formações, embora o serviço mantenha os mesmos princípios. As informações estão à mesma distância para todos e temos conseguido acompanhar o ritmo.

O seu avô ficaria em choque com a atual realidade?

Acredito que sim. Eu comecei a trabalhar com 19 anos e na altura vendia- -se tudo, não havia questões sobre que segmento comprar. Hoje não, temos que pensar bem qual o nosso posicionamento.

E que planos tem para a Óptica Milheiro?

Eu adoro trabalhar, mas também quero viver e vi o meu pai e o meu avô a viverem tanto em função da ótica que nem “viveram” e eu faço questão, por exemplo, de ter férias. A presença da Bruna traz-me essa paz, de saber que posso “desligar-me” sem medo. Tenho amigos que não têm essa sorte. Agora, planos tenho, mas passam essencialmente por fundamentar os alicerces da Óptica Milheiro. Tive uma formação de quatro dias pelo Institutoptico em Lisboa, numa faculdade de Gestão e Marketing, em que ouvi que o melhor negócio para se crescer neste momento é o da ótica. Claro que, as pessoas que dizem isto olham só para o modelo de negócio porém não o conhecem no terreno, e seguem as estatísticas que dizem que as pessoas estão a envelhecer e cada vez precisam mais de óculos, também por causa da pressão que os meios digitais exercem sobre os olhos, entre outros fatores. Eu também considero que estou num dos melhores negócios de retalho, mas isto não se reflete nos números. Há também a questão da concorrência forte e os grandes grupos multinacionais que têm uma enorme capacidade e, esses sim, metem-me medo.

Mais do que o segmento low cost?

As ditas “fábricas” não me metem medo. Até lhe digo que, quando uma dessas lojas se instalou aqui no Barreiro, eu e mais dois colegas concorrentes juntámo-nos e abrimos uma low cost mesmo em frente a eles, para garantirmos que também tínhamos presença nesse mercado na nossa área geográfica. Devíamos ter feito isso um ano antes, mas pronto, conseguimos.

 

Entrevista completa na Millioneyes 116