A nossa equipa viajou até à pacata e alinhada Vila Nova de Poiares para voar pelo mundo. Ana Carvalho e Vítor Martins, proprietários da Maxivisão, já nos tinham chamado a atenção pela inquietude que os impele a ir em busca de outras realidades, outros países. Quando mantiveram o plano de abrir mais uma ótica em pleno pós-confinamento fixámo-los para sempre!
Como é que dois aventureiros como vocês se acercaram da ótica?
Vítor Martins: Eu é que comecei no ramo da ótica há 20 anos na MultiOpticas. Fiz formação em Coimbra e no Porto. Em 2004 assumi um novo projeto na Ótica Estádio, em Coimbra, e foi em 2005 que me lancei em nome próprio com um sócio na loja de Condeixa.
Ou seja foi um percurso rápido até iniciar o próprio negócio.
VM: Sim, nós na MultiOpticas trabalhávamos muito e, claro, o futuro empresário ingénuo acha sempre que a ótica é um mundo e que dá imenso dinheiro (risos). E até dá, naquela casa já instituída! Portanto, começámos numa loja e depois unimo-nos a outro colega, que também usava a marca que eu criei, a Maxivisão. A nossa ideia, já naquela altura, era desenvolvermos uma rede de franqueados. Claro que, fizemos o contrário do que devíamos ter feito, que era criar a nossa casa e depois crescer. Depois da separação amigável, a ficou marca connosco, que só registámos há dois anos. Em 2006, lançámo-nos em Vila Nova de Poiares, deslocados do centro e num espaço mais pequeno. Tinha pouco trabalho em Condeixa, mas embora fosse complicado mantivemos o espaço, até que, infelizmente, por ordem do destino, a grande empresa familiar de móveis de cozinha onde a Ana trabalhava foi à falência. Em 2010, integrou a Maxivisão. A loja de Poiares melhorou, dinamizámos mais o espaço. Em 2014 foi um ano marcante, porque em Condeixa passámos de três óticas para sete! O negócio piorou e eu não sendo de lá não conseguia investir tudo muito mais de mim. Posto isto observámos os mercados mais próximos à nossa vila e vimos que faltava um serviço como o nosso em S. Pedro de Alva, a 15 quilómetros de Poiares com cerca de 3000 habitantes Percebemos que era uma boa aposta. Ganhamos mais capacidade financeira e, consequentemente, mais fundos para inovar e criar.
E como é que chegaram, finalmente, ao centro de Vila Nova de Poiares?
Ana Carvalho: Em 2017 reformulámos a marca e também uniformizámos as lojas. Conquistámos esta loja em 2019 e começámos as obras em janeiro de 2020. Tivemos a sorte também de nos aliarmos à Zeiss que está a atravessar uma fase de grande investimento na marca.
VM: E desde então temos tido pessoas que vêm de zonas aqui à volta, porque sabem que vendemos Zeiss. Também nos associámos a seguradoras. Ou seja, não ganhamos, efetivamente, nada com isso, mas atrai clientes de localidades afastadas. Nem que seja só um, vale sempre a pena.
E como se encontraram na vida e nesta paixão comum?
VM: A Ana incutiu-me muito este sentido de aventura. O pai dela estava mais à frente no que diz respeito às viagens, e sempre nos incentivou a viajar. Só abrandámos com o nascimento do nosso primeiro filho. O Vítor, que hoje tem 11, foi a primeira vez com seis anos. O segundo, o Pedro já foi muitas vezes. Só não o levámos a São Tomé, só o Vítor e aquilo foi uma realidade que mexeu com ele. É que para além de levarmos os óculos às pessoas, eu queria que visse outra realidade diferente da dele.
E este ímpeto das viagens nasceram consigo?
VM: Sim, e nem nasci cá, nasci em França. Sou filho único e os meus pais e chateiam-me muito por eu viajar. “ E vais embora e vou ficar de coração nas mãos” diz-me a minha mãe. Hoje já aceitam melhor, mas….
Ainda por cima encontrou a Ana…
Ana: Sim uma desencaminhadora (risos) e logo após o casamento fomos de lua de mel para o Havaí! (risos)
E qual foi a viagem mais marcante?
Ana: Para mim Istambul. Acho-a muito parecida com Lisboa, com as suas colinas, e porque estamos na Europa, mas com a mística do oriente.
Vitor: As missões solidários a São Tomé e Príncipe e ao Peru foram muito marcantes, para todos, mas como experiência em viagem, a que me marcou, foi a viagem à Índia. Aquilo é chocante pela quantidade de pessoas. Fizemos o triângulo dourado, num total de 1500 quilómetros, aproximadamente. Durante todo este tempo vímos sempre pessoas, aos milhares. Sempre gostei muito de cidades. Adorei Hong Kong e até Nova Iorque sobre a qual não tinha grandes expectativas e este ano até íamos a Tóquio ver a feira, porém nada se parece com a Índia, tão caótica, com um trânsito assustador, típico da Ásia. A condução nas ruas da Índia são um susto, Bem, neste aspeto, o Egito, onde fomos em 2004, nas fica atrás. Fizemos uma viagem de 12 horas de noite…sem luzes.