Manuela Ferreira e Júlio Gonçalves: um passo de ótica

Andámos a sonhar com um passo de dança através do ritmo de Manuela e Júlio durante anos! Seguimos a carreira de dois óticos que se sagram com sucesso no setor todos os dias, através do seu Centro Óptico Vale do Sousa, e que nos encantam com a sua dança “paralela”. São casados, sócios de negócio e parceiros nas pistas de dança desportiva, tudo com uma fluidez inexplicável, em que se completam, respeitam, admiram e amam. Encontramo-nos em Paredes na espaçosa loja que construíram durante 25 anos de trabalho em equipa, luminosa, convidativa e com histórias de superação. A personalidade criativa e inquieta de Júlio Gonçalves, por exemplo, não transparece a carreira militar e os anos divididos entre os quartéis e o apoio na construção do negócio próprio. A beleza suave e a voz calorosa de Manuela Ferreira também não revelam os anos vividos entre cidades para acompanhar a carreira de Júlio e o esforço entre a vida diária da ótica e o ato de amor de fazer crescer os seus dois filhos com apenas um ano de diferença. São desafios que encaram com a naturalidade de quem tem sonhos a cumprir.

Que momentos considera mais marcantes no percurso do estabelecimento do Centro Óptico Vale do Sousa.

JG: Nunca tivemos grandes dificuldades, porque investimos sempre na loja, garantindo que tudo estivesse liquidado. Tentamos sempre estabilizar o negócio e conseguimos. Claro que, os primeiros cinco/seis anos foram difíceis, porque tínhamos dois filhos com uma diferença de apenas um ano um do outro. Éramos só nós a trabalhar e tínhamos que gerir a nossa vida e a ótica. Claro que eles cresceram e tudo passou a ser mais fácil. Hoje têm 27 e 28 anos respetivamente.

E sobre os filhos?

JG: São o Miguel e o Tomás Gonçalves. Um quis enveredar pelo marketing. Aquilo não o satisfez totalmente e foi para a escola de hotelaria de Lamego, fazer um curso de Produção de Cozinha e é disso que ele gosta. Está a montar o próprio negócio para dar formação de cozinha com uma vertente de marketing incluída. O mais novo, o Tomás, nós incentivamo-lo a fazer Optometria e ele aceitou. Fez o curso todo em Lisboa e quis ir trabalhar para outras entidades na capital e está lá a ganhar experiência. Quando estiver pronto para regressar tem aqui o negócio familiar e logo vemos. É muito determinado e está investido na pós- -graduação. O nosso grande sonho é entregar-lhe o negócio e rumar aos nossos próprios objetivos. Precisamos de folga para o realizar (risos).

Entramos agora na dança então (risos)?

JG: Sim entramos!

MF: Quem me puxou para a dança foi o Júlio. A arte de dançar já estava no caminho dele. Na minha vida nem existia. Desconhecia completamente o conceito de dança nestes moldes, só mesmo na discoteca para me divertir. Quando comecei a namorar com o Júlio e fomos juntos a uma passagem de ano é que aprendi sobre o chá-chá-chá, a rumba e outras. Ele já tinha dançado e havia aqui uma escola de danças de salão. Inscrevemo-nos na categoria social e aprendi os passos base. Entretanto, entrámos para a competição e tudo começou a correr bem e fomos crescendo enquanto atletas.

Quanto tempo treinam?

JG: No mínimo duas horas. Almoçamos rapidamente e vamos para o pavilhão. Não é fácil dançar e dependemos muito um do outro, porque se, por exemplo, nas clássicas, um falha um movimento cai tudo por terra. Nas latinas estamos mais separados e podemos ser mais criativos. Demora muito tempo a decorar coreografias, a aperfeiçoar o movimento e os passos. É um processo muito lento. Muitas vezes achamos que já estamos perfeitos e temos que voltar atrás. Envolve muita técnica.

MF: Temos que gerir com muita disciplina a nossa vida e depois engrena e torna-se rotina. Integraram a seleção nacional? JG: Sim, em clássicas. Ganhámos o campeonato nacional este ano em Seniores 3 e fomos convidados. Fizemos um estágio no centro de alto rendimento de Rio Maior e agora estamos a treinar para o campeonato do mundo que se realiza a 14 de outubro em Amesterdão. Ainda temos muito trabalho pela frente e, por isso, também participamos em muitos campeonatos para ganharmos experiência.